Segundo o dicionário, a palavra ansiedade significa grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia.
No meu consultório, a ansiedade sempre foi uma das principais queixas que levam os pacientes a procura de tratamento, e nesse momento em que estamos vivendo, um tempo de incertezas e preocupações, no meio de uma pandemia, não está sendo diferente, aliás, só tem aumentado.
Mas afinal de contas, ela é tão ruim assim? Ela é realmente esse monstro que a gente pinta?
A resposta é não; e com certeza você ficou muito surpreso com isso, não é mesmo?!
Aqueles então que se identificaram com os sintomas, ou que tem um diagnóstico de ansiedade ou algo derivado dela, não deve estar entendendo nada, ou estão achando que estou banalizando a sua dor; mas calma, não estou minimizando todo o sofrimento que ela causa, só quero desmistificá-la para vocês, quero que entendam o quanto ela é comum, normal, que sempre fez e fará parte de nossa vida, e ajuda-los a entender o porque de as vezes, a sua sensação ser tão forte a ponto de se tornar algo tão ruim.
A ansiedade de fato é um aviso, um alerta fisiológico que tem que estar presente quando temos uma tarefa (demanda), algo para se fazer; porque, qualquer tarefa que tivermos para realizar faz com que nosso cérebro use sinais para avisar ao nosso corpo que algo tem que ser executado, e esse aviso ocorre para nos deixar aptos, preparados para a realização dessa tarefa, e quero que vocês entendam que a única maneira de executá-la é se movimentando.
No entanto, para que o movimento ocorra, o corpo precisa usar nossos músculos, e para usá-los, eles devem ser nutridos, energizados através do sangue, porém, esse mecanismo faz com que, automaticamente, suba a nossa pressão arterial e os batimentos cardíacos. Quando a tarefa então é executada, automaticamente desligamos esse mecanismo fisiológico do nosso corpo, que é chamado de ansiedade.
Dessa forma conseguimos entender que o problema em si não está na ansiedade, ou mesmo em senti-la, mas sim em senti-la de forma muito forte, exagerada, e isso acontece quando enxergamos nossas demandas de uma forma desequilibrada, dando a elas um peso maior do que elas realmente têm, tornando nossas atividades insuportáveis.
E entenda que se tudo o que fazemos, vemos e interpretamos como um desafio insuportável, automaticamente, nossos músculos tem que se preparar muito mais para executar essa tarefa, e é exatamente isso que torna a sensação ou a percepção da ansiedade insuportável.
Isso significa então que você deve desmerecer toda a sua dor e não dar atenção para as sensações que ela causa?
Não, muito pelo contrário, fique atento a elas, pois essa sensação de aumento da frequência cardíaca, coração batendo na garganta, falta de ar, pressão arterial muito alta, servem de termômetro, para que você possa entender, a partir de agora, que você está percebendo suas demandas difíceis demais de serem realizadas, e isso ocorre porque você está enxergando sua vida pesada demais, você está enxergando sua vida insuportável de ser vivida.
Sendo assim, é muito importante que você tenha consciência da forma como está vivendo, e para que essa consciência seja desenvolvida, é necessário que você olhe para sua vida, cheque seu ambiente e comece a perceber que você é uma pessoa preparada para vivê-la, apta para realizar suas tarefas, pois você já realizou muitas delas antes; mas se perceber ou achar que não é, então se prepare para isso, das mais variadas formas.
Procure ajuda, treinamentos, se movimente, faça terapia, se espiritualize, procure se conhecer.
Olhe para sua demanda de maneira coesa e equilibrada, pois com esse equilíbrio, automaticamente esse dispositivo do organismo para te tornar apto fisiologicamente, que hoje você sente como dor, vai ser ativado na medida correta, sem extrapolar.
Quando você passa a enxergar sua vida e suas demandas de forma coerente, ainda assim terá ansiedade, mas de uma forma pequena, sob medida, e perceberá que essa ansiedade deixa de ser uma dor, um sofrimento, algo que te paralisa, mas sim algo que te ajuda a evoluir, te empurra sempre para frente, te preparando para tua própria existência.