O editor me cobra o artigo da FOCO. Viajou o mundo e meu artigo não saiu. Cobra-me, novamente. Confesso que bem sei das minhas limitações em escrever. Mas esse artigo, de maneira muito particular, está me judiando.
Rabisquei em papel, quase fui na minha antiga Olivetti portátil, onde escrevi muito, invoquei espíritos, nada. Voltei para o Word onde apagar é um ato muito fácil. Desde já, peço desculpas pelo artigo. Mas quem de nós não tem seus maus dias.
Confesso que o editor havia me dito qual seria a capa da Revista FOCO, até para que pudesse nortear-me quanto ao texto. Seria a Clínica do Diego Roque. Fiquei numa felicidade imensa e comecei a procurar um tema que pudesse de certa forma, ainda que sem forma, enaltecer o médico e os seus pais.
Na manhã de 27 de agosto, recebo, consternado, a notícia da morte do Dito Roque, com quem, na última festa – na Fazendinha – ficamos juntos – tomando todas, rindo da vida, discutimos a pinga, tomamos a cerveja, comemos torresmo, falamos de política, resolvemos problemas insolúveis, cantamos Boate Azul, Índia, Dona Maria (Dona Maria, deixa eu namorar a sua Filha. Vai me desculpando a ousadia. Essa menina é um desenho no céu
Que Deus pintou e jogou fora o pincel…). Dessa pedimos o repeteco.
Estava o Dito Roque feliz da vida. Daí – minha sofrência para escrever. Por que essa indesejada morte, sempre ela a trair os sonhos. Escrevi certa feita que o coração sempre nos trai é um traiçoeiro, na vida ou no amor.
Fernando Pessoa começa uma de suas poesias:
Quem tem dois corações / Me faça presente de um / Que eu já fui dono de dois / E já não tenho nenhum.
Mas a vida é assim, sempre foi e sempre será assim. Seguiremos, até à nossa chamada e, confesso, espero que tenham perdido a minha senha, novamente. Dito se foi, mas, com certeza, contrariado. E vou tentar escrever. Fica o registro.
Em outubro teremos três datas importantes: 07 (1º Turno das Eleições), 12 (culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil e Dia das Crianças) e, 28 (2º Turno) para Governadores e Presidente. Portanto, precisamos de muita fé e esperança, com pitadas de caridade (e aqui sem sentido de muita religiosidade).
Gilberto Gil tem boas músicas. É um letrista dos bons. Na sua música “Andar com Fé”, como bom baiano que é, dá margem à interpretação da qual compactuo, que a Fé, não tem sua âncora na religião.
Andar com fé eu vou, que a fé não costuma “faiá” / Que a fé tá na mulher / A fé tá na cobra coral / Num pedaço de pão / A fé tá na maré / Na lâmina de um punhal / Na luz, na escuridão / Andar com fé eu vou, que a fé não costuma “faiá” / A fé tá na manhã / A fé tá no anoitecer / No calor do verão / A fé tá via e sã / A fé também tá pra morrer / Triste na solidão / Certo ou errado até / A fé vai onde quer que eu vá / A pé ou de avião / Mesmo a quem não tem fé / A fé costuma acompanhar / Pelo sim pelo não / Andar com fé eu vou, que a fé não costuma “faiá”.
Portanto, a fé não é oligarquia religiosa. As religiões são criações dos homens, que sempre na sua suprema vaidade, julgam-se donos da verdade. Mas cada um deve ter a sua e ser respeitado por isso, já que vivemos num País laico.
A escritora Rachel de Queiroz na sua última entrevista, afirmou ser ateia:
“É muito ruim isso, não ter uma crença, porque nas fases ruins você não tem em que se apegar. Tem que se encolher em si mesma e aguentar a pancadaria. Invejo profundamente quem tem uma boa fé.”
Acho que Raquel – além de grande escritora – tinha muita fé, nela mesma.
Os orientais, com sua religiosidade que na grande maioria, não é cristã, não teriam fé? Claro que sim. Mas não nos nossos Santos e dogmas, nas nossas rezas e orações, mas, nas deles, na forma deles.
Além do catolicismo, outras denominações religiosas, como os evangélicos, espíritas, umbandistas, por acaso, não teriam fé? E nossos ancestrais indígenas tupis-guaranis, com seus deuses: Tupã, Jaci, Guarani. Os astecas: Quetzalcóatl, Huitzilopochtli, Tlaloc. Os egípcios: Rá-Atum, Osíris, Ísis, Set, Hórus.
Quanta fé teve essas civilizações, a seu modo.
No Brasil, por conta da lei 6.802/80, de João Figueiredo, foi declarado feriado o dia 12 de outubro, para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
Nosso País, com quase 209.000.000 habitantes, de maioria católica, com expressivo aumento das religiões evangélicas, das mais variadas vertentes, a fé ainda parece que está vinculada à religião.
Por isso, a fé não costuma “faiá”.
E, por conta da fé, vem a esperança, que temos para um Brasil melhor, devemos cuidar de nossas crianças, sempre o futuro da Nação. Primeiro, votando certo. Isso é essencial para as crianças. Caso contrário é prejudicial à saúde.
O Dia das Crianças surge, claro, para venderem brinquedos. Tem lei, sim. Mas a grande sacada eram vendas – como ainda são essas as preocupações – num país – que precisa de uma economia forte, de empregos. Mas as crianças não precisam só dos brinquedos, dos celulares mais modernos, dos tablets, enfim, da modernidade toda.
Precisam de Escola, Saúde e Educação – especialmente a educação do lar, onde os pais vivem à cata dos recursos financeiros e, os filhos, um pouco abandonados. Felizes os pais, avós, tios, que conseguem dar o presente, merecido, do Dia das Crianças. Mais feliz, ainda, aqueles que conseguem dar uma boa educação familiar – que a Escola não substitui e nem é seu papel primordial – penso assim.
Em 1924, o deputado federal Galdino do Valle Filho lançou a ideia do Dia da Criança. Os deputados aprovaram e o dia 12 de outubro foi oficializado pelo presidente Arthur Bernardes, por meio do decreto nº 4867, de 5 de novembro de 1924.
Em 1940, Getúlio Vargas instituiu um novo decreto, que “fixava as bases da organização da proteção à maternidade, à infância e à adolescência em todo o País”, e que criava uma nova data de comemoração, conforme o Artigo 17 do Capítulo VI:
“Será comemorado em todo o país, a 25 de março de cada ano, o Dia da Criança. Constituirá objetivo principal dessa comemoração avivar na opinião pública a consciência da necessidade de ser dada a mais vigilante e extensa proteção à maternidade, à infância e à adolescência.”
O fato é que, por alguma razão, a data de 25 de março ficou apenas “no papel“. Somente em 1960, quando a Fábrica de Brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para lançar a “Semana do Bebê Robusto” e aumentar suas vendas, é que a data de 12 de outubro passou a integrar o calendário das festas comerciais.
Logo depois, outras empresas decidiram criar a Semana da Criança, para aumentar as vendas. No ano seguinte, os fabricantes de brinquedos decidiram escolher um único dia para a promoção, e fizeram ressurgir o antigo decreto de 1924. A estratégia deu certo, pois desde então o Dia das Crianças é comemorado com muitos presentes.
Precisamos da fé e da paz na vida.
Precisamos da esperança nas nossas crianças.
Vamos andar com fé.